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CARTA AOS ALUNOS: Final de Ano Letivo 2022/2023



Tive a oportunidade de o ir expressando algumas vezes, mas não posso deixar de o voltar a dizer aqui: este ano foi realmente muito especial para mim e para a Tango y Nada Más.

Depois de um período muito difícil entre 2019 e 2022 em que estive perto de ter de desistir do Tango enquanto modo de vida, mas do qual retirei também muitas coisas lindas, nomeadamente novos sentidos para as palavras humildade, orgulho, perseverança, generosidade, amizade, família (aquela com que nascemos, a que escolhemos e a que nos é oferecida pela vida) e gratidão, imensa gratidão, o ano de 2022/2023 trouxe uma luz que iluminou e aqueceu a minha vida e a da nossa escola. Há muito tempo que não terminava um ano letivo com tanta vontade de começar o próximo.


Ao refletir sobre estas e outras sensações e vivências, tenho de reconhecer que sou afortunado por ter tanta gente boa à minha volta. Tanto calor humano e tanto sentido de humanidade. Cada vez mais entendo que o Tango não vale nada se não for vivido com os valores certos e os melhores princípios a nortearem o caminho. Todos somos falíveis, e por vezes nos desviamos um pouco, mas, ao rodearmo-nos das pessoas certas, o todo assegura-se que as partes se mantenham na direção certa. De que adianta saber dançar bem se não restar um pingo de generosidade, tolerância, paciência e amor dentro de nós? De que adianta ser-se um expert na pista se se for um mero principiante na “vida”? Tango é vida. Ter muito de uma coisa é ter muito de outra, mesmo que nunca se tenha colocado um pé numa pista de dança, e ter pouco de uma é ter pouco das duas. Muitos anos de vida não trazem maturidade por si só, tal como simplesmente muitos anos de Tango não fazem um bom tangueiro. No final, saber dançar é apenas um meio de expressão. Mas de que adianta saber escrever se não se tiver nada importante, inspirador e construtivo para dizer ao mundo? Ou se o que tiver a dizer for contra os princípios basilares do que realmente significa a nossa humanidade no seu sentido mais belo e mais puro da convivência com o outro?


Vi-me rodeado este ano de gente com quem, ao procurar ensinar um pouco de Tango, me ensina tanto, mas tanto de vida! Fui rodeado de amor e carinho e a escola/casa encheu-se dessa energia maravilhosa que se sente quando o amor abunda. No brinde que fizemos na última aula falei, em palavras longas e demoradas (como as que uso sempre e como agora escrevo… sempre acreditei que o que é importante deve levar tempo a ser dito) de investimento e de como foi lindo observar como todos os alunos da escola investiram uns nos outros ao longo deste ano letivo. Os que sabem mais de dança investiram nos que sabem menos. Os que sabem mais da vida investiram nos que sabem menos. Acolheram-se as diferenças e procurámos, juntos, nunca deixar ninguém de fora ou para trás. Nos momentos difíceis que uns e outros foram (e vão) atravessando, sentiu-se e sente-se uma comunidade de pessoas que não são indiferentes. E quantas vezes o simples ato de ver realmente o outro é o melhor presente que lhe podemos dar?


Enquanto professor/orientador do percurso de cada um no Tango, procurei investir em todos da melhor forma que sei e que consegui e a verdade é que não podia sentir-me mais orgulhoso pelos progressos de todos este ano! No entanto, também vejo, reconheço e agradeço o quanto todos investiram em mim e, pela vossa confiança e generosidade, mais do que meramente agradecido, deixo-vos o meu “obrigado”, pois é assim que me sinto para com o compromisso que assumi e reitero de vos trazer a todos o melhor Tango de que sou capaz.

Tenho de dedicar as últimas palavras às duas pessoas que mais investiram este ano na escola, em mim, e em cada um dos que por ela passaram, seja nas aulas seja em qualquer dos nossos convívios. A primeira vai para a Daniela, cujo amor ao Tango e dedicação à escola é difícil de igualar e que progressiva e consistentemente vai conquistando o seu lugar de destaque e respeito neste mundo que tem tanto de gratificante quanto tem de exigente. A viagem continua e o próximo ano trará seguramente novas oportunidades e novos desafios, pois no que é muito bom vale a pena continuar a investir.


A segunda palavra vai para a Joana, a quem tenho de agradecer a tantos níveis diferentes que mais uma página não bastaria. A dedicação aos alunos e à escola e a preocupação com tudo e com todos é uma constante no dia-a-dia e é tão linda de observar! É sem dúvida quem mais investe em mim e quem mais investe na escola ao ponto de conciliar de forma tão harmoniosa e tão generosa a coabitação de uma vida privada com uma vida pública, no mesmo espaço e, tantas vezes, no mesmo tempo. Obrigado, meu amor!


E porque sabemos todos que a vida é feita de surpresas e desafios e que, de um momento para o outro, tudo pode mudar, resta-me sonhar e desejar que o próximo ano letivo seja um ano bom e que nos faça sentir felizes e realizados. Que seja um ano de superação para aqueles que enfrentam as maiores adversidades e que todos se possam sentir acompanhados e vistos nos seus percursos individuais. Acima de tudo que o próximo ano nos mantenha próximos, atentos e nos traga bons abraços enquanto vamos partilhando o nosso Tango.


Vemo-nos em Setembro e, até lá, deixo-vos aquele abraço até ao osso!


Rui Barroso

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